ERA UMA VEZ O CINEMA


O Ano Passado em Marienbad (1961)

cover O Ano Passado Marienbad

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País: França, 94 minutos

Titulo Original: L'année dernière à Marienbad

Diretor(s): Alain Resnais

Gênero(s): Drama, Mistério

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.8/10 (18476 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Sindicato Francês dos Críticos de Cinema, França

Prêmio da Crítica de Melhor Filme (Alain Resnais)

Festival Internacional de Veneza, Itália

Prêmio Leão de Ouro (Alain Resnais)

INDICAÇÕES star star star star star

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA

Oscar de Melhor Roteiro Original (Alain Robbe-Grillet )

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Filme

Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália

Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Estrangeiro (Alain Resnais)

Prêmios Hugo

Hugo de Melhor Apresentação Dramática (Alain Resnais, Alain Robbe-Grillet)

Sinopse: Filmada em preto e branco, a trama do filme é apresentada por meio de uma gama de imagens ambientadas em um luxuoso palacete, um hotel deslumbrante repleto de salões com seus lustres rebuscados, escadarias vertiginosas, corredores infinitos e estatuas atemporais. Em meio a esse clima de arquitetônicas paisagens imbuídas de um tom aristocrático, desenrola-se um pouco trivial triângulo amoroso, onde um homem (denominado simplesmente como “X”) tenta, a todo custo, fazer a mulher (personagem intitulada “A”) lembrar-se do romance que teriam tido um ano antes. O problema é que a dama, na companhia de seu marido (este por sua vez o “M”), de início sequer lembra de alguma coisa.

O curioso é o fato de que, apesar do impasse o qual vivencia, a mulher ora sente-se repelida, ora atraída por aquele homem e pelos detalhes e passagens que a faz rememorar e as sensações que lhe são invocadas. Detalhes sutis como a sua mão que repousa sobre seu ombro, o espelho da penteadeira, as estátuas, ou seja, todas as menções que o homem faz agem no psiquismo da mulher de maneira que sua memória seja afetada, e sentimentos materializados em imagens pouco convencionais venham involuntariamente à tona. Tal qual como concebeu o escritor francês Marcel Proust na sua obra Em Busca do Tempo Perdido, ainda no início do séc. XX, que fazia uso do recurso da “memória involuntária”, como ficou bem exemplificado na célebre passagem do livro onde apenas o sabor de uma Madeleine (bolinho típico francês) mergulhada no chá poderia trazer as mais derradeiras sensações e lembranças.

O filme, graças ao modo único como é conduzido, dada a sua narrativa singular e seu não-comprometimento com a linearidade em toda a lógica cinematográfica clássica, abre campo para as mais distintas reações e interpretações. É possível acabar de assisti-lo com a (por vezes) deliciosa sensação de não ter entendido nada, além de ter se deixado prazerosamente levar pelo seu clima delirante e pelo esplendor de suas imagens – ou seja, simplesmente deleitar-se.  É possível, após o fim da exibição, estar com não só com a plena sensação de entendimento como estar fervilhando de interpretações. Também uma possibilidade a ser levada em conta ao estar diante do filme é a de ficar simplesmente irado com tamanha barbárie de grafia cinematográfica, ou pior, nem sequer ter paciência para concluir esta experiência.  Contudo, pessoalmente creio que o filme, assim como o imenso livro de Proust, é uma obra que tem por finalidade principal discutir a forma de se pensar o tempo (neste caso no cinema).

A memória involuntária não restringe-se somente a uma remomeração consciente dos fatos do passado, mas evoca também sensações, possibilita revisitar um tempo e um sujeito que não existem mais. E a transformação constante do sujeito passa a refletir na estrutura e na estética da obra. O que justifica certos artifícios, como momentos de repetição constante de certas ações – e ainda por cima em montagem paralela. Desse modo, vale dizer que o filme é apresentado em escala tridimensional, pois os elementos narrativos são expostos como fluxo de consciência, e cada detalhe pode levar a uma progressiva desordem dos sentidos, como dizia o também francês poeta Rimbaud.

 

Elenco: